Os segredos do creme inglês e do creme de confeiteiro

Nana_CremeO creme inglês e o creme de confeiteiro são muito utilizados na confeitaria e apesar de serem normalmente aromatizados com baunilha, podemos usá-los como base para diversos outros sabores.

Os cremes de Nana já talharam inúmeras vezes e depois de descobrir que não era a única, ela decidiu juntar algumas dicas para ajudar aqueles em apuros.

O creme inglês tem uma textura aveludada, com uma fluidez similar ao creme de leite. É à base de leite, gemas de ovos, açúcar e baunilha. E é super versátil: com ele podemos fazer sorvetes ou servir como acompanhamento de sagu e tortas, por exemplo.

Já o creme de confeiteiro é mais cremoso e espesso, pois é normalmente engrossado com farinha ou amido de milho. Fora isso, ele tem exatamente os mesmos ingredientes que o creme inglês. Costumamos usá-lo para rechear bolos, mil-folhas, bombas entre muitas outras delícias.

As receitas são simples e o processo dos dois é praticamente o mesmo.

Ferve-se o leite com metade do açúcar e, enquanto ele esquenta, batemos em uma tigela as gemas peneiradas (para evitar aquele gostinho de ovo) com o restante do açúcar e o extrato de baunilha. No caso do creme de confeiteiro, adicionamos também a farinha ou a maisena junto às gemas. Cuidado para o leite não ferver demais e vazar! Isso aconteceu com a Nana mais do que ela gostaria de admitir.

Em seguida, nós “temperamos” as gemas, jogando devagarinho cerca de metade do leite quente na tigela com as gemas, misturando com um fouet. Jogamos essa mistura de volta à panela em fogo médio pra baixo, mexendo sempre, raspando bem as laterais e o fundo da panela.

No caso do creme inglês, Nana sugere usar uma colher de pau ou de silicone para a mistura talhar o mínimo possível. Já no caso do creme de confeiteiro é bom usar o fouet, pois o creme engrossa e empelota no começo, então precisamos de um utensílio que deixe a mistura o mais homogênea possível.

Enquanto o creme cozinha, um breve parênteses: existem inúmeras receitas por aí e algumas dizem para jogarmos todo o açúcar no leite, enquanto outras dizem para dividirmos o açúcar entre o leite e as gemas ou para jogarmos todo o açúcar nas gemas.

Recomendamos sempre jogar metade ou todo o açúcar nas gemas.

O motivo é simples: o açúcar evita que a gema talhe quando a incorporamos com o leite quente e permite que nossos cremes atinjam uma temperatura acima de 80ºC sem prejudicar sua textura. A gema começa a coagular a 70ºC, mas quando adicionamos o açúcar ele retarda esse processo, pois as moléculas do açúcar cercam as moléculas proteícas das gemas, impedindo que elas se entrelacem muito cedo. Portanto nossos cremes conseguem atingir uma temperatura acima de 80ºC sem aqueles pedacinhos de gema mal desejados.

É mais seguro jogar o leite nas gemas do que o contrário, porque o leite está a mais ou menos 100ºC e se jogarmos as gemas direto na panela é possível que elas virem ovos mexidos num piscar de olhos. Sim, mesmo com o açúcar. Mas se fizermos o oposto e jogarmos o leite aos poucos nas gemas, o leite esfriará em contato com a tigela e em contato com o ovo, ao mesmo tempo que ele aquece lentamente as gemas, sem o choque térmico.

O creme inglês está pronto quando passamos um dedo na colher que estamos usando para mexê-lo e deixamos um rastro. Para quem tem um termômetro, o creme fica pronto a 83ºC.
Normalmente passamos ele por uma peneira, pois é normal formar uns pedacinhos de creme coagulado. Se apesar de seus esforços o creme talhar, é só batê-lo no liquidificador. Ele ficará um pouco mais líquido que o ideal, mas é melhor do que começar do zero.

Já o creme de confeiteiro está no ponto quando o deixamos ferver por 1 ou 2 minutos, mexendo sempre.

Por que deixar ferver?

As gemas possuem enzimas que digerem o amido e elas só são desativada a altas temperaturas. Enquanto você não desativá-las, seu creme não engrossará.

Para esfriarmos, o processo é o mesmo para os dois cremes: coloque-os em uma tigela e cubra com filme plástico em contato com o creme.

Isso evita a formação de películas e gotas de evaporação. Depois é só esfriar na geladeira até a hora de usar.

Ao sair da geladeira, o creme de confeiteiro estará um pouco duro por causa da farinha, mas é só batê-lo na batedeira para ele voltar a ficar cremoso.

E voilá! Nana e as Naninhas já estão devorando o sagu com creme inglês que elas fizeram mais cedo, o que você está esperando para fazer o seu?

Esse texto foi originalmente publicado no HuffPost Brasil, mas a Nana não se contentou com o texto e pediu algumas alterações. Dito e feito.

Como calibrar seu forno

Nana_Forno

Um dia Nana me perguntou se existe muita diferença entre um forno industrial e um forno doméstico, porque ela queria assar e comer 10 bolos de uma vez e no nosso forninho isso é impossível.

Deixando a gula da banana de lado, existe diferença sim! Além do forno industrial ter um tamanho maior, ele tem mais exatidão nas temperaturas.

Portanto se o aquecermos a 163ºC, saberemos que ele estará a 163ºC.
Já no nosso forno não temos esse controle, então ele pode estar na teoria a 180ºC e na realidade a 190ºC.

Em muitos casos essa diferença de temperatura afeta o tempo de cozimento, por isso não é recomendado confiar demais no tempo de forno estipulado pelas receitas, afinal cada forno é diferente e seu bolo pode pode ficar pronto em 20 minutos no lugar de 30.

Mas algumas receitas, como a de suspiros, biscoitos mais delicados e até mesmo pães, podem ser bem prejudicadas por causa de um forno descalibrado. Se você tiver um termômetro pra forno, seus problemas estão resolvidos, mas também existe um método caseiro bem simples para saber se seu forno está de fato na temperatura desejada e caso não esteja, como corrigir essa diferença de temperatura.

Para isso, só precisamos de um ingrediente: açúcar. Normal, refinado mesmo.

O açúcar derrete e fica translúcido a aproximadamente 186ºC, então vamos usá-lo para saber a qual temperatura ele derrete no seu forno.

Se ele derreter e dourar abaixo de 186ºC, seu forno está mais quente do que o indicado. E se ele derreter a temperaturas mais altas do que essa, seu forno está mais frio. É difícil pré-aquecer o forno a exatamente 186ºC e como estamos fazendo um experimento em casa e não em um laboratório, podemos aproximar esse valor para 190ºC para facilitar.

Para começar, pré-aqueça seu forno a 180ºC.
Quando ele estiver quente e pronto, jogue uma colher de sopa de açúcar em um refratário forrado de papel alumínio (fica mais fácil de limpar depois) e deixe no forno por 15 minutos.
O que aconteceu com ele após esse tempo? Derreteu ou continua um pó?

Vamos supor primeiro que ele não tenha derretido.
Com seu açúcar ainda dentro do forno, aumente a temperatura para 190ºC.
Ele derreteu em aproximadamente 15 minutos? Se tiver derretido, bingo! Seu forno está calibrado! Caso ele não tenha derretido, seu forno está mais frio do que deveria.

Para calibrá-lo, é importante saber a qual temperatura seu açúcar derreteu para descobrir o quão fora ela está do padrão. Dessa maneira, você consegue ajustá-lo para usos futuros.

Então aumente para 200ºC e espere outros 15 minutos para ver o que acontece.
Vá aumentando de 10 em 10 graus, respeitando sempre o intervalo de 15 minutos, e anote a qual temperatura seu açúcar derreteu.

Se ele derreter a 210ºC, significa que a essa temperatura o interior do seu forno está a aproximadamente 190ºC.

Agora suponha o oposto: seu açúcar queimou a 180ºC e se transformou em fumaça.
É só jogá-lo fora, baixar o forno para 170ºC e enquanto ele esfria, preparar outra leva de açúcar.
Se ele derreter e ficar dourado e bonito, significa que o forno está muito quente e que a temperatura interna do seu forno a 170ºC é de 190ºC.

O próximo passo é uma simples conta matemática. Suponha que a 170ºC seu açúcar tenha derretido. Isso quer dizer que seu forno está mais quente, certo? Como saber o quão mais quente?

É só subtrair 190ºC por 170ºC. Isso significa que seu forno está 20ºC mais quente. Então quando uma receita pedir o forno pré-aquecido a 180ºC, você terá que aquecê-lo a apenas 160ºC.

Vamos agora supor o contrário e o açúcar só derreteu a 250ºC. É só subtrair o maior valor, no caso 250ºC, por 190ºC. Seu forno está 60ºC mais frio do que deveria e para deixá-lo a digamos, 180ºC, devemos aquecê-lo a 240ºC.

Quando Nana fez o teste, seu forno estava 40ºC mais frio do que deveria, ou seja, ele estava bem descalibrado. Se ela tivesse que aquecer o forno a 250ºC, ela teria que colocá-lo a quase 300ºC, sendo que no forno nem tinha essa temperatura disponível. Então a única solução foi ligar para a assistência técnica e pedir para eles regularem o forno.
Eles não ficaram muito felizes com o pedido, mas funcionou!

Graças a essa mudança, seus pães e bolos ficam mais altos, dourados e muito, mas muito mais apetitosos.

Esse texto foi originalmente publicado no HuffPost Brasil, mas a Nana não se contentou com o texto e pediu algumas alterações. Dito e feito.

Nana e as rabanadas

Nana_Toast

Acordamos muito cedo para tomar café-da-manhã no Sarabeth’s e assim que a Nana viu essas rabanadas fofinhas, ela achou muito apropriado usá-las como travesseiro e capotou.
Consegui comer três fatias e daria tudo pra comer a quarta, mas ela se agarrou a esse pedaço e começou a cantar dormindo. Fico imaginando no que ela sonhou…